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16 de Abril de 2024

"Cadeia não conserta ninguém", diz ministro do STF sobre redução da maioridade penal

Para Marco Aurélio Mello, alterar a "responsabilidade penal" pode não trazer "melhores dias"

Publicado por Anne Silva
há 9 anos

Cadeia no conserta ningum diz ministro do STF sobre reduo da maioridade penal

O ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta quarta-feira, 1º, que a proposta de redução da maioridade penal não resolve os problemas de segurança pública do País. "Cadeia não conserta ninguém", disse, ao participar de um evento em comemoração aos 207 anos da Justiça militar no Brasil. "Não vamos dar uma esperança vã à sociedade como se pudéssemos ter melhores dias alterando a responsabilidade penal", completou.

Para Marco Aurélio, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), aprovada nessa terça-feira, 31, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, não resolve os problemas do País, que são outros. "E nós precisamos cuidar deles", declarou. Questionado sobre qual seria o principal problema para o Brasil hoje, ele mencionou que ser a corrupção.

Com relação ao questionamento feito sobre a constitucionalidade da PEC, o ministro diz que, num primeiro momento, a proposta não fere uma cláusula pétrea da Constituição. "De início, eu não penso assim, mas estou aberto à reflexão."

A Proposta de Emenda à Constituição 171-A/93, que altera a faixa etária de responsabilidade penal, foi aprovada ontem (31) pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), após mais de 20 anos em tramitação.

O texto seguirá para uma comissão especial, que será insalada no próximo dia 8 pelo presidente da Câmara a Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Marco Aurélio Mello lembrouu a articulação para que a mudança se torne cláusula pétrea, dispositivo constitucional que não pode ser alterado nem mesmo por uma PEC.

O ministro antecipou que não concorda com a classificação legal para redução da maioridade. “De início, não penso assim, mas estou aberto à reflexão”, ponderou, afirmando que o projeto “baterá no Supremo”.

Mello reconheceu que o ritmo de aprovação de novas regras demonstra que o Legislativo está buscando se fortalecer. Entretanto, alertou sobre o receio de normatizações “em época de crise, porque vingam as paixões exarcebadas”. Segundo ele, o país já tem leis suficientes para correções e deveria se concentrar em outros problemas.

Sobre o arquivamento das investigações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado de desvio de dinheiro da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), o ministro explicou que a morosidade da Justiça brasileira prejudica inquéritos antes que eles sejam concluídos. O processo tramitava no STF desde 2003. “A sociedade fica decepcionada quando tem arquivamento de um inquérito.”

Ao participar da solenidade de comemoração dos 207 anos da Justiça Militar da União, em Brasília, Marco Aurélio Mello alertou para o problema da corrupção. “Chegando ao estágio que chegamos, verificamos que a corrupção foi banalizada, mas não posso dizer que foi barateada, porque os valores são muito altos”, ironizou.

Com relação a pedidos de abertura de inquérito contra a presidenta Dilma Rousseff, Mello disse que a Constituição Federal não veda a investigação, mas a responsabilização. Segundo ele, a cláusula existe unicamente para proteção do cargo. “Já está tão difícil governar o país. Imagina se tivermos um inquérito aberto contra a presidenta da República. Não há impunidade, porque, por atos estranhos ao exercício do mandato, ela responderá ao término do mandato. Aí, haverá julgamento na primeira instância”, adiantou.

Também presente à cerimônia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi homenageado com a Medalha Grã-Cruz, o mais alto grau da Ordem do Mérito Judiciário Militar. Janot deixou o local sem falar com a imprensa.

Ministro do Superior Tribunal Militar e chanceler da Ordem, William de Oliveira Barros lembrou a história da justiça mais antiga do país, criada em 1808, meses antes da chegada da família real ao Brasil. Oliveira Barros destacou juristas famosos que participaram da história, entre eles Sobral Pinto. E lembrou contribuições como a formulação da Lei de Segurança Nacional.

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71 Comentários

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Pelo amor de deus
a redução vai se ajustar a nossa realidade.

a questão da segurança pública no país é muito séria. sou a favor da redução sim

so um exemplo

uma pessoa com 18 anos ao lado de outra que está faltando apenas 2 dias pra completar 18. decidem assaltar lojas diferentes. o de 17 diz: e se no assalto morrer alguém? o de 18 simplesmente vai dizer: não fique preoucupado, pois, vc com apenas dois dias para completar os 18 anos, não sabe o que está fazendo e esse ato que está perto de realizar não é um contra lei. e eu, com 18 anos, tenho total certeza disso. e o de 18 ainda diz: e se vc for pego não será preso: será apreendido. não cometeu, e sim ato infracional. não será levado para o presídio, e sim para outro local adequado para sua idade. local que é adequado, segundo a legislação, para os jovens que não tem "conhecimento" da lei em nossa sociedade.
aliás um deputado, que não me lembro o nome, falou bem essa semana.

"ora o cara com 16 pode casar, pode votar, mas pode responder criminalmente."
trabalho na área de segurança pública
os menores quando são apreendidos disparam logo na cara da polícia: EU SOU MENOR.

e as maioria dos crimes praticados por menores são de pura iniciativa deles. eles não são influenciados totalmente pelas outra pessoas, como alguns acreditam. continuar lendo

Concordo plenamente Robson Silva, so quem é vitima de um menor infrator sabe o que é na pelé, ser assaltado ou até mesmo ter um parente assassinado e ver o acusado livre. Eles se aproveitam da menor idade pra cometer crimes, pois sabem que ficam pouco tempo na FEBEM, ou FUNDAME e quando saem tem a ficha criminal limpa como se fossem cidadães de bem. continuar lendo

Embora Dr eu seja contra a minoridade penal , tenho que concordar com senhor em relação a transferência de culpa ; eu trabalho para Fundação CASA, recentemente tivemos uma tentativa de fuga , supreendentemente um dos "arquitetos" desta tentativa foi um jovem de 18 anos, que já concluindo a medida , talvez fosse liberado no mês que passou, resolveu tentar sair de lá a força, bom ao questiona-lo obtive a seguinte resposta: --Fugir me garantiria , mesmo cometendo crimes lá fora , se pego voltar para medida sócio educativa e não ir direto para CDP . continuar lendo

Robson, essa ideia de ''dois dias para completar 18'' basicamente não é adequada na proposta em questão. Veja bem... seria a mesma coisa se comparássemos um jovem de 15 que está 2 dias prestes a completar os 16, 14-15, 13-14, até que um recém nascido também se torne ''imputável''. Criminoso não nasce, criminoso se cria. Essa ideia de fazer com que os ''pequenos'' ingressem mais cedo nas ''faculdades do crime'' não é de nenhuma relevância para a sociedade, muito pelo contrário, o índice de reincidência vai continuar acima dos 70%, e no final, reverter a situação será ainda mais complicado. continuar lendo

Olá Robson, respeito seu posicionamento. Contudo, acho que deveria refletir melhor sobre os efeitos dessa diminuição. Em primeiro lugar, notamos a questão da superlotação carcerária. Como fariam para lidar com isso? Outrossim, que diferença há em uma internação para o cumprimento normal de uma pena de um adulto? Sabemos que as condições são precárias nas fundações e que o tratamento em nada difere. Pelo lado jurídico, sabemos que o Brasil ratificou a Convenção sobre os direitos da criança. Sendo assim, reduzir a maioridade não violaria o princípio da vedação ao retrocesso (efeito cliquet)? Abraço, Caio. continuar lendo

Concordo contigo e quem vive o dia dia sabe do que vc está falando, agora existe alguns comentaristas e pseudo advogados, que nunca passaram por estes anginhos delinquentes com arma em punho.Sei que é difícil uma mudança radical em nossa sociedade, mas temos que cobrar das autoridades e dos políticos, uma grande mobilização para criação de centros integrados de educação profissionalizantes em tempo integral e controle de natalidade urgente para as famílias de baixa renda. continuar lendo

Não devemos generalizar... continuar lendo

Concordo plenamente! Cadeia não conserta ninguém, por isso vamos lutar para soltar metade dos criminosos encarcerados e aliviar o sistema penitenciário! \o/ Não, não, melhor ainda, vamos soltar todos os bandidos presos, já que cadeia não conserta ninguém. Aí a gente leva os criminosos para as escolas, olha que legal ¬¬ continuar lendo

esses palhaços que defendem bandidos deveriam levar alguns para a casa deles, para protege-los e para aprender como se mate e estupra, é logico que alguem da família deles seria a cobaia. continuar lendo

A questão não tem nada a ver com o que vocês estão falando. A punição que vocês querem e que gera mudança simplesmente não existe... o adolescente geralmente age por impulso e revoltas pois ainda estão formando caráter... se for tratado como maior conforme lei penal não terão a possibilidade de amadurecer e encontrar novos meios de vida, o que nos põe na posição de vilões de nós mesmos pois estaremos definindo o monstro de uma vez... a penalização prematura só faz os garotos se revoltarem ainda mais, principalmente com o sistema que temos com superlotações e etc. não colocando em prática os valores reais de justiça a ponto de eles mudarem suas perspectivas, através da ressocialização... infelizmente é nossa sociedade que ainda tem muito o que aprender e mudar... aprender a educar e a passar valores sociais... parece que ao invés de evoluirmos nós só retrocedemos... e vivemos reclamando para sempre... até quando? continuar lendo

Mais evita que mais mulheres sejam estupradas, pedofilia, pessoas assassinadas ou tenha seu patrimônio dilapidado... Simples assim! continuar lendo

Mas evita que mais pessoas moram... ou sejam roubadas e estupradas. continuar lendo

concordo, cadeia não muda ninguem, as vezes até piora
ainda mais em um sistema carcerário igual ao do brasil, onde menor de 18 é tudo igual e maior de 18 é tudo igual tbm,
devia fazer diferenciação de crimes e priorizar a reeducação e socialização do indivíduo
mas veja bem,
onde não existe punição existe impunidade
pessoas que não tem medo não segue regras e ficam sem limites nos seus atos
gente que rouba "por ganancia" e não vai preso continua roubando
estou falando de desvios de dinheiro público "até parece que não é roubo",
assalto a mão armada, arma branca, de fogo ou até de brinquedo
claro que existe o roubos menores que deveriam entrar em uma categoria diferente

uma pessoa que mata pode até pegar prazer pelo ato seja menor ou não
o menor hoje em dia se prevalece da falta de regras "punição", para agir sem regras

os pais tem sim grande responsabilidade nisso,
uma criança de 10 anos sem limites de seus atos que xinga que pega as coisas dos outros e pela idade é considerada como apenas brincadeira como algo insignificante, ela vai simplesmente se tonar um adolescente sem limites, e um adulto contraventor.

a educação não pode ser igual para todos, cada um tem seu temperamento seu raciocínio e sua forma de compreender e sentir as coisas.

uma pessoa que não é obrigada a seguir regras não respeita o espaço de outros nem os direitos

regras sem castigo não é respeitada, "veja o governo"

certo, castigo não vai evitar ninguem de cometer um delito, mas certamente vão pensar 2 vezes antes de cometer continuar lendo